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Irga divulga levantamento dos efeitos das intempéries nas lavouras de arroz

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Foto aérea de lavoura em Dom Pedrito - Foto: Gilberto Raguzzoni

Com a colheita andando em ritmo lento em função das intempéries, o Rio Grande do Sul ainda está em alerta para novos temporais. A colheita no Estado está em 21%, ou 232.250 hectares. Em toneladas, o volume é de 1.912.360 pela estatística oficial. A informação é da Política Setorial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). A produtividade média observada é de 8.234 quilos por hectare, índice que deve reduzir significativamente daqui para frente em função das ocorrências climáticas.

O relatório semanal da Política Setorial aponta que a Fronteira Oeste é a região mais adiantada, colheu até o momento 103,2 mil hectares, o que corresponde a 32,2% do total dos trabalhos. Em segundo lugar, aparece a Planície Costeira Externa, com 30,1% da área colhida. A Zona Sul tem 15,4% dos trabalhos concluídos e a Planície Costeira Interna vem atrás, com 14,5%. Por último, aparece a Depressão Central, com pouco mais de 10%.

Confira o relatório completo da Política Setorial neste link.

Danos estimados

Em menos de uma semana, o RS foi atingido por duas frentes frias. A primeira aconteceu na quinta-feira, no dia 9 de março e, a segunda, na última quarta-feira, dia 15.

O Irga reuniu informações de todas as regiões produtoras em um levantamento que mostra diferentes avarias, que incluem granizo, acamamento (quando a lavoura deita), enchentes e até impactos por baixa temperatura.

Granizo

Produtores têm comunicado o Irga sobre a ocorrência de granizo nas lavouras de arroz. Até agora, 20 arrozeiros oficializaram o registro, mas acredita-se que, muitos afetados não tenham se manifestado formalmente. Alguns arrozeiros perderam toda produção.

As regiões mais afetadas pelo granizo foram a Campanha e a Planície Costeira Interna. Depois, aparece a Planície Costeira Externa, a Depressão Central e a Zona Sul, sucessivamente. A Fronteira Oeste não registrou danos causados pelo granizo. No total, 1.389 hectares foram afetados pelo fenômeno em todo Estado.

“As perdas por granizo são sempre muito fortes, tem áreas em que 100% da produção é perdida. Tanto é que o Irga tem hoje um programa que resguarda o produtor para compensar essas perdas”, explica o gerente da Divisão de Pesquisa, engenheiro agrônomo, Rodrigo Schoenfeld. O formulário para registrar ocorrências de granizo pode ser acessado pelo site do Instituto através do link: http://www.irga.rs.gov.br/conteudo/6171/.

Acamamento

Muitas lavouras também sofreram o chamado acamamento (quando as plantas deitam com a força do vento). O engenheiro agrônomo Felipe Matzenbacher, que trabalha na cidade de Mostardas, no Litoral Norte, ficou impressionado com os estragos. “Nunca vi nada parecido. Lavouras com alto potencial produtivo, que foram favorecidas pelo clima, ficaram totalmente prejudicadas justamente por terem mais volume de grãos”, conta.

Em Torres, o produtor Alfredo Lothhannmer, que estava em plena colheita, estima ter perdido 60% da produção em função do vendaval e 20% pelo granizo. “Eu não consigo colher porque as plantas estão acamadas e embucham a máquina e, quanto mais chove, mais ela acama. A gente depende do clima e, conforme os dias vão passando, mais se perde”, lamenta Lothhannmer. O que está conseguindo salvar dos 29 hectares de lavoura, Lothhannmer tenta destinar para a produção de sementes.

Estima-se que mais de 11 mil hectares sofreram acamamento, consequentemente, todas estas áreas deverão colher menos do que o esperado. A maior parte dos relatos por acamamento vem das planícies e da Fronteira Oeste.

Foto de Ricardo Kroeff

Baixa temperatura

Calcula-se que 26% das áreas (260 mil hectares) que já estavam em período de floração (reprodutivo) foram impactadas negativamente pelas baixas temperaturas. Em algumas regiões, os termômetros ficaram abaixo dos 10 graus. Uma das consequências pode ser o aumento da esterelidade das panículas, o que reduz a produtividade e a qualidade do produto.

De acordo com o setor técnico do Irga, qualquer temperatura abaixo dos 16 graus pode ser prejudicial para a cultura do arroz. Os impactos podem diminuir em mais de 15% a produção.

Enchentes

Enquanto o granizo danificou muitas lavouras e, o vento, classificado como tornado, prejudicou outras, calcula-se que 14.676 hectares ficaram debaixo d'água.

 A área total semeada no Estado é de 1.106,208 hectares e a expectativa é colher entre 8,3 e 8,4 milhões de toneladas, mas o diretor técnico do Irga Maurício Fischer pondera: “Ainda há muitas áreas que não foram colhidas, cerca de 800 mil hectares, e temos produtores que perderam tudo. Ainda é cedo para entender inteiramente o tamanho dos estragos”, resumiu.

Somente será possível contabilizar os prejuízos depois que a água baixar

O que diz a previsão

De acordo com a previsão do setor de agrometeorologia do Irga, talvez o pior ainda não tenha passado e o ideal é manter o alerta. O outono, que começou oficialmente nesta segunda-feira, deve trazer ainda fortes temporais que podem vir acompanhados de ventos fortes e granizo. A principal preocupação é a Região Central, que deverá registrar volumes de até 230 milímetros d'água. Este fenômeno ocorre por causa da transição entre uma estação quente e outra fria.

Veja o que mostra o boletim de meteorologia do Irga para os próximos três meses clicando aqui.

 “Como técnico, o que mais me preocupa são esses 260 mil hectares que sofreram com o frio extremo no período reprodutivo porque isso é uma área bem e pode haver queda na qualidade do grão. E agora, entrando no outono, teremos dias mais curtos, aumenta a umidade, o tempo de colheita cai muito e isso tudo vai ter uma implicação lá no final, então o momento é bem complicado. Todos esses dados que nós temos, nos levam a reforçar nosso posicionamento, ratificando que não existe nenhum dado que indique uma super safra, mas sim, uma safra dentro da normalidade para o Estado, mas muito ainda depende do que está por vir”, concluiu Schoenfeld.

Os dados divulgados neste material foram levantados até esta segunda-feira, 20 de março, e ainda podem sofrer alterações. Acesseo o relatório completo clicando aqui.

 

Texto: Sara Kirchhof

Assessoria de Comunicação

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