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Outubro termina com chuvas acima da média no Rio Grande do Sul

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Mapa da precipitação acumulada e anomalia da precipitação em outubro - Foto: Reprodução

Por Jossana Cera

Outubro foi marcado por chuvas frequentes e com altos volumes acumulados. Uma razão para isso foi o grande número de sistemas frontais que ingressaram no Rio Grande do Sul e que trouxeram muita chuva e também temporais acompanhados de queda de granizo, ventos intensos e muita atividade elétrica. Todos esses fatores trouxeram consigo danos nas cidades e também no campo. A primeira semana de novembro, embora já se tenha observado uma redução nos volumes das precipitações, ainda apresentou chuvas acompanhadas de temporais em alguns locais do Estado. E a tendência deve continuar assim. O mês de novembro deverá ser de transição. Ainda ocorrerão chuvas, mas elas devem ficar mais espaçadas uma da outra e acontecer em menor volume.

Em outubro somente o extremo Oeste do Rio Grande do Sul apresentou chuvas abaixo da média histórica. A maior parte do estado apresentou chuvas entre 100 e 200 mm acima da média histórica (Imagem 1B), ou seja, acumularam valores entre 250 e 300 mm (Imagem 1A). No extremo norte do Rio Grande do Sul a precipitação acumulada passou dos 300 mm.

Apesar de o Oceano Pacífico apresentar anomalias negativas de temperatura, ele ainda está sob o período de Neutralidade Climática (Imagem 2). Lembrando que o retângulo mostra a região do Niño3.4, região que os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (índice que define eventos de El Niño e La Niña). A área marcada pelo círculo, no Oceano Atlântico Sul, mostra uma região aquecida e deslocada um pouco para sul (Imagem 2). Por vezes, esse aquecimento traz mais umidade na região a oeste ao aquecimento e pode ocasionar o aumento de precipitações nessa região.

Imagem 2

Ressalta-se que o maior impacto, tanto dos eventos de El Niño como de La Niña, acontecem durante a primavera e no caso deste ano, o resfriamento iniciou praticamente junto com a estação das flores, ou seja, será difícil sentirmos os impactos da La Niña nesta safra. Claro que pequenos períodos sem chuva poderão ser observados, principalmente durante o verão e se chama a atenção para a região sul, que climatologicamente é uma região que chove menos e nos dois últimos anos ficou com precipitação um pouco abaixo da média climatológica durante o verão.

As previsões do IRI (International Research Institute for Climate and Society, da Universidade de Columbia-EUA) apresentam possibilidade para La Niña ou Neutralidade, sendo que para La Niña a probabilidade é de 55-65%. Estamos em uma situação muito semelhante ao ano passado quanto às características oceânicas, porém o Oceano Atlântico Sul está mais aquecido e no ano passado estava com temperaturas normais (região circulada na Imagem 2).

Alguns modelos estão indicando chuvas abaixo da média para o trimestre nov-dez-jan. O modelo do IRI mostra que o trimestre nov-dez-jan será de precipitação abaixo da média na metade sul do Rio Grande do Sul. Já o modelo utilizado pelo CPPMet da UFPel/INMET (Imagem 3) prevê áreas com chuva abaixo da média (entre 50 a 85 mm) em boa parte do Estado para novembro. Em dezembro a previsão mostra a região sul com chuvas abaixo da média. E para janeiro, a previsão é de um padrão de chuvas abaixo da média histórica em quase todo o Rio Grande do Sul.

Jossana Cera é meteorologista, doutora em Engenharia Agrícola pela UFSM e consultora do Irga

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IRGA