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Preços defasados e alto custo de produção inviabilizam a cadeia do arroz

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Painel ocorreu no auditório principal da Estação do Irga - Foto: Fagner Almeida/Divulgação

O comportamento do mercado mundial do arroz apresenta-se o oposto do mercado interno brasileiro. A expectativa é de uma valorização de alta nos preços internacionais para o decorrer de 2018. As afirmações foram feitas nesta quinta-feira (22) por Sérgio Roberto Gomes dos Santos Júnior, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), no painel “Conjuntura e Cenários para a Safra 2017/2018” do Fórum Mercadológico da 28º Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que ocorre na Estação Experimental do Arroz do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha (RS).

Júnior citou dados do Departamento norte-americano de Agricultura (USDA) para justificar esta expectativa mundial, que dão conta de uma redução na produção mundial do cereal para a próxima safra e expansão dos estoques chineses. Com relação ao Mercosul, destacou que o Uruguai voltou a ser um importante país importador do mercado brasileiro, e já o Paraguai vem colocando muito arroz no Brasil, onde o Rio Grande do Sul tem previsão de queda de área e de produtividade.

Na questão da evolução dos preços, Júnior destacou que a queda observada no ano passado, atrelada principalmente com a redução da demanda interna e externa que resultou no aumento do estoque de passagem e pressão nos preços, hoje o valor da saca de arroz está, em média, a R$ 35,05 no Rio Grande do Sul, ou seja, abaixo do preço mínimo que é de R$ 36,01. “Com a redução na demanda e os estoques de passagem mais elevados, observa-se que a  produção não tem sido preponderante na formação dos preços. Hoje, a produção de 11,6 milhões de toneladas está abaixo da média histórica, ou seja, o mercado deveria estar até operando com um certo viés de alta, porém nota-se um forte viés de baixa. A previsão de preços esta safra 2017/2018 de R$ 42,00, será muito difícil de alcançar em 2018”, observou.

Para o diretor comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata, que também participou do painel, o setor arrozeiro, importante atividade da economia do estado, passa por imensas dificuldades, e um dos grandes fatores é a redução dos preços que hoje chegam a patamares de três anos atrás. “Se ampliarmos o horizonte deste cenário, nós já tivemos, sem nenhuma correção na evolução dos preços no mercado, valores nesses patamares há nove anos, o que reflete a dificuldade vivida pelos produtores”, colocou.

Barata salientou que, além disso, sabe-se que os custos de produção têm crescido em uma velocidade muito significativa, causando a inviabilidade econômica da atividade produtiva. “Neste último ano tivemos uma ligeira redução dos custos em razão da diminuição do preço do arroz que é referência para vários indicadores que compõem estes custos, mas isto não trouxe alívio para o setor. Se fizermos uma análise da produtividade média obtida nas últimas safras e a produtividade média necessária para cobrir os custos ficam evidentes as preocupações atuais. Nos últimos 14 anos o produtor acumulou prejuízo de 124 sacos por hectare, isso considerando o custo de produção e produtividade média levantados pelo Irga e o preço médio anual levantado pelo Cepea”, ressaltou.

O diretor comercial do Irga finalizou a sua palestra dizendo que é preciso estar consciente de que a sustentabilidade econômica da atividade produtiva de arroz no estado depende de mudanças nas questões estruturais. “Precisamos corrigir questões ligadas à tributação, custo de produção, logística e consumo”, sinalizou.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz), Elton Doeler, essa situação do arroz não é nova, nem simples e nenhum elo da cadeia está satisfeito. Afirmou que o setor como um todo precisa encontrar uma solução construída com inteligência e tentar precificar e sustentar o preço do arroz. “A grande questão é que o mercado é soberano e vive de expectativas. Precisamos um piso e o que dificulta é que o setor produtivo vem sofrendo uma concorrência muito forte. Precisamos ter um grande comprador que se chama governo”, salientou.

Texto: Rejane Costa/AgroEffective

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