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Países trocam experiências sobre práticas de redução de carbono no Irga

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Visita técnica na lavoura - Foto: Eduardo Patron/Seapi
Por ASCOM/SEAPI E ASCOM/IRGA

Durante três dias, representantes de seis países latino-americanos debateram e trocaram informações sobre tecnologias mitigadoras na emissão de carbono em lavouras de arroz. O workshop ocorreu na sede administrativa do Irga, em Porto Alegre, e reuniu cerca de 30 pessoas do Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador e Uruguai. O evento, que ocorreu de 2 a 4 de abril, foi promovido pela autarquia e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

O workshop intitulado “Taller de trabajo para promover una producción sustentable de arroz en América Latina y El Caribe” (Workshop para promover a produção sustentável de arroz na América Latina e no Caribe) faz parte do projeto Global Methane Hub. No ano passado, o workshop evento ocorreu no Equador.

Pelo Brasil, participaram representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do RS (Seapi). Dos demais países, foram convidados produtores, pesquisadores, membros de governos, além de integrantes do IICA.

ABERTURA

Na abertura oficial (dia 2), a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, deu as boas-vindas aos participantes em nome do presidente Rodrigo Machado. Ela destacou a importância da sustentabilidade do arroz para a América Latina e disse ser fundamental que todos saibam sobre o trabalho desenvolvido pelo Instituto, para que os resultados sejam de conhecimento público.

“O Irga vem trabalhando, junto com a Seapi, essa questão ambiental, de diminuição dos gases de efeito estufa já há algum tempo. Por isso, quando fomos procurados pelo IICA, eles viram que já estávamos com alguns resultados e começamos a fazer projetos juntos, sem ter que partir do zero”, explicou.

O especialista em Extensão Rural da Representação do IICA no Chile, Fernando Barrera, que é coordenador regional do Global Methane Hub, contou que o IICA está tentando construir uma agenda regional de cooperação para a construção de uma forma de produzir arroz mais sustentável. “Hoje em dia, a produção da cultura na América Latina tem muitos desafios em relação aos eventos climáticos”, destacou. “O arroz tem um papel muito importante porque, com a mudança climática, a produção está em risco. Em países como o Chile, já não temos chuva, portanto não há água suficiente para a produção de arroz”.

Ele afirmou que uma das causas do aquecimento global é a emissão de gases de efeito estufa, como o metano. “O arroz produz grande quantidade de metano, portanto temos que nos adaptar às mudanças do clima e reduzir as emissões que a produção de arroz gera”.

 A coordenadora técnica do Escritório do IICA no Brasil, Cristina Costa, disse que o projeto regional com os países vai contar com recursos do Global Methane Hub, que vem de um fundo internacional, o Green World Fund. “Também queremos discutir a proposta de um novo projeto para apresentar para o Green Climate Fund (GCF)”. Conforme Cristina, a ideia do workshop é discutir a situação atual da produção do arroz nos países participantes e debater o planejamento inicial do projeto junto ao Global Methane Hub.

O coordenador-geral de Irrigação e Conservação de Solo e Água do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Gustavo Goretti, contou que o Ministério tem auxiliado na construção do projeto com o Irga, a Seapi e o IICA. “Ele deve se enquadrar nas expectativas do financiador e do governo brasileiro”, afirmou.

“A ideia desse evento é que a gente consiga ajudar na construção de um projeto que auxilie os produtores brasileiros a serem mais sustentáveis e, o mais difícil, que passe a imagem de sustentabilidade para o mundo. Precisamos gerar informações técnicas para que se prove que a agricultura brasileira é sustentável, coletando dados, gerando tecnologias para serem usadas pelos produtores, para aumentar a produção brasileira de forma sustentável”, completou Goretti.

Após a abertura, os participantes realizaram dinâmicas em grupo. Primeiramente, cada país apresentou dados sobre a produção de arroz. Depois, novos grupos foram formados para discutir sobre visão futura da cadeia do arroz. Também foram debatidos possíveis linhas de trabalho em um programa regional e atores relevantes.

NA LAVOURA

No segundo dia do workshop, o grupo realizou visita técnica às empresas FAD Sementes, em Capivari do Sul, e Parceria Cavalhada, em Mostardas, na região da Planície Costeira Externa do RS. As duas propriedades foram escolhidas por serem uma referência no uso de práticas mitigadoras da emissão de gases de efeito estufa, visto que priorizam a adoção de um sistema de diversificação nas áreas de arroz, com rotação de soja e milho irrigados, pastagens de verão e coberturas e pastagens de inverno, mas fundamentalmente o uso do plantio direto em terras baixas, prática ainda pouco adotada, mas com grande impacto no sequestro de carbono em áreas arrozeiras.

No campo, os participantes puderam acompanhar o processo de semeadura de pastagens em áreas que estão em plantio direto há mais de quatro anos, na FAD Sementes bem como a colheita realizada com o solo seco, em áreas de produção de arroz onde o solo não é perturbado há mais de 12 anos, na Parceria Cavalhada.

Alexandre Velho, um dos sócios da Parceria Cavalhada, cita que a “a visita foi uma grande oportunidade de mostrar o trabalho que vem sendo feito na busca pela construção de perfil de solo, associado a uma racionalização de insumos e mão de obra, e o encontro foi uma oportunidade de mostrar aos produtores do Estado e também para as instituições da América Latina que é possível alta produtividade associada ao cuidado com o meio ambiente na busca da eficiência produtiva”.

A coordenadora do workshop, engenheira agrônoma do Irga Mara Grohs, explicou que a ideia da visita foi mostrar propriedades que são consideradas acima da média. “Exemplo de como a gente gostaria que fosse a maior parte das propriedades rurais do Rio Grande do Sul, com manejos utilizados que visam à sustentabilidade ambiental, com diversificação de culturas, sequestro de carbono, que é uma das coisas que mais influencia no balanço dos gases de efeito estufa”, destacou. Mara complementa que “as últimas pesquisas realizadas pelo IRGA, foi identificado que há uma redução de 60% na emissão desses gases quando há rotação de um ano de arroz e um ano de soja”.

No último dia (4), durante a manhã, foi realizada nova rodada de discussões na sede do instituto. O dia começou com a apresentação geral do projeto Global Methane Hub (GMH). Após, os participantes debateram a revisão das atividades. À tarde, o workshop se encerrou com um amplo debate sobre os projetos desenvolvidos em cada país.

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